sábado, 25 de julho de 2009

Apolo 11 e Levitação

Esta semana comemorou-se o 40º aniverário da chegada do Homem à lua pela missão Apolo 11. Em meio a tantas festividades apareceram as inevitáveis referências à chamada "mentira do século", cogitado por muitas pessoas. Para este grupo a viagem à lua foi uma encenação feita pelos americanos, bem mais simples e barata que uma missão real.

Todos tem direito a sua própria opinião, em primeiro lugar. Se alguém não quer acreditar nessa história, isso é com ele. Não que eu não tenha alguma simpatia com diversos fatos levantados por este grupo, que realmente me deixam curioso. Afinal, sou um pesquisador e como parapsicólogo, tenho meu grau de ceticismo.

Mas você deve estar se perguntado por que estou falando sobre isso em um blog de cultura oriental. Boa observação! Acontece que todos sabemos do escárnio e das bobagens que são ditas por "céticos" e seres "científicos" sobre coisas como Qi (Chi), acupuntura, aura, chakras e vários outros processos energéticos. A maioria é tratada como ilusão, alucinação, enganação, misticismo (em sua conotação pejorativa), truques, charlatanismo e outros termos menos louváveis.

Interessante que, quando a coisa acontece com eles, ficam todos escandalizados e revoltados! Ora, todos temos o direito de sermos céticos e não é porque algo seja tratado como "científico" que devemos nos curvar a isso. A ciência está longe de criar "verdades universais" (embora muitos ajam como se assim fosse).

Que provas científicas temos de que o Homem foi à lua? Vídeos, fotos, testemunhos e algumas pedras.

As pedras podem ser encontradas aqui na Terra, como meteoritos, ou poderiam ter sido trazidas por sondas automáticas. Não se precisa de gente para trazer pedras.

Vídeos e fotos todos sabemos que podem ser facilmente manipuláveis, especialmente os vídeos de péssima qualidade da missão Apolo 11. Você sabia que a NASA destruiu os vídeos originais, de alta qualidade? Pois é, um documento histórico sem preço apagado para poder gravar outra coisa em cima, para economizar uns trocados. Me lembro dos tempos do VHS, quando gravávamos um programa sobre outro para não ter que comprar uma nova (e cara) fita. Claro que não sou a NASA!

Sobre testemunhos, o Dr. Tony Phillips, cientista da NASA, afirmou no site oficial da agência espacial sua revolta pelo "absurdo" de duvidarem das missões lunares quando existem dezenas de depoimentos testemunhando o fato. Francamente, pessoas mentem o tempo todo (como diria o Dr. House). Depoimentos são provas tão aceitáveis como qualquer outra. Menos, se levarmos em conta que nossa percepção das coisas se apresenta muitas vezes distorcida.


Agora, pense por um momento em outra situação. Eu apareço com vídeos, fotos e testemunhos de um caso de levitação, como esse aí ao lado. Você acha seriamente que os cientistas e céticos de plantão vão acreditar? Será que eles não vão descartar tudo como "enganação" ou "falsificação"? É o que acontece geralmente...

Pois é, quando temos as mesmas provas sobre assuntos esotéricos, elas não valem nada! E ainda ficam indignados quando se utilizam exatamente os mesmo padrões céticos contra uma alegação "científica".

No Fantástico da semana passada, quadro "Detetive Virtual", descaracterizaram essas alegações sobre a falsidade da viagem à lua (claro!) afirmando que são "facilmente contestáveis". Se assim fosse isso não estaria de pé quatro décadas depois. Ou será que todos os descrentes sobre o programa espacial americano são retardados mentais? (os céticos acham isso de qualquer um que acredite em fenômenos paranormais, chi, anjos ou outra coisa do gênero). O astrônomo Ronaldo Mourão colocou que a maior prova são as pedras trazidas, pois nenhum especialista contestou que eram de fora da Terra. Claro que isso não prova como vieram parar aqui! Ainda apresentaram a "mãe de todas as provas": um painel deixado lá pelos astronautas e que reflete raios laser de volta à Terra. Só os astronautas poderiam ter levado o aparelho lá?

Como se vê, toda sorte de alegação infantil serve quando o pessoal "científico" e "cético" é questionado. Mas quando se trata de fenômenos extraordinários ou paranormais, seria necessário uma bateria infinita de testes em laboratório com rigores científicos que nenhuma pesquisa normal possui ou precisa. Para o "ceticismo moderno", dois pesos e duas medidas...

Achei que seria interessante mostrar para vocês como aparece o outro lado da moeda. Muitas técnicas orientais sofrem desse preconceito, sendo usados contra elas os mesmos argumentos que eles refutam desesperadamente quando o caso é contra algo pretensamente "científico".

Ciência significa manter uma mente aberta. Pensem sobre isso.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Você, Gripe Suína e Saúde – A Verdade

Hoje somos constantemente bombardeados com notícias alarmantes sobre a chamada "gripe suína" (ou "Gripe A", para preservar os pobres animais deste karma). Muitas vezes essas notícias nos chegam de modo bastante alarmista e sensacionalista, como se fosse a "peste do século", capaz de dizimar a humanidade. Não é bem assim.

Primeiramente a taxa de mortalidade está se mantendo abaixo da mortalidade da gripe comum – menos de 0,1% de óbitos para a gripe normal e 0,004% de mortalidade para a Gripe A. Para comparação, a Gripe Aviária, que apareceu na Ásia há algum tempo, possui mais de 60% de óbitos. O que impressiona os especialistas é que a Gripe A é um novo tipo de vírus, que contêm quatro elementos genéticos: duas partes de vírus suíno, uma parte de vírus aviário e uma parte de vírus humano. No momento ela é muito branda, mas se voltar futuramente pode estar bem mais forte, como ocorreu na Gripe Espanhola em 1918, que matou 50 milhões de pessoas em todo o mundo. O grande problema da Gripe A é sua capacidade de contágio muito alta, o que leva à grande propagação em pouco tempo.

Certo, colocamos as coisas em seus lugares e vimos que é necessário algum cuidado mas sem pânico. Agora vamos tratar do que NÃO se diz nas notícias.

Não se preocupe com a gripe, com a doença, mas com a SAÚDE. A Medicina Oriental procura manter a pessoa saudável e não curar doenças, simplesmente. A medicina ocidental foca quase totalmente na doença e a mídia gosta muito dessa parte. Se você se concentrar mentalmente em doença, é doença o que terá. Vamos ver o que podemos fazer para manter o nosso foco na saúde.

Defesas Energéticas

Para um agente contagioso chegar até nosso corpo ele tem que atravessar dois sistemas energéticos: a aura e a energia de defesa, chamado de Wei Qi pelos chineses. A aura é um campo bioelétrico externo formado por diversas frequências e que atinge por volta de 1,20m de diâmetro em pessoas saudáveis. Quanto mais forte energeticamente a pessoa, maior o diâmetro de sua aura. Uma pessoa com uma aura forte pode resistir melhor a ambientes infecciosos. Cansaço, estresse, alimentação deficiente e transtornos emocionais reduzem o poder da aura. Muitas pessoas que se dedicam a tratar enfermos, de forma caritativa, passam anos em contato com pessoas infectadas por vários tipos de doenças e não adoecem. Madre Tereza de Calcutá é um exemplo. Isso ocorre porque este tipo de atendimento eleva a espiritualidade da pessoa, é feito de coração, e sua aura se torna mais forte e robusta.

"O senhor não daria banho a um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não. Só por amor se pode dar banho a um leproso"
Madre Teresa de Calcutá

A energia de defesa, ou Wei Qi segundo a Medicina Chinesa, se localiza logo abaixo da pele e serve como barreira entre o corpo físico e elementos externos, atuando como nosso sistema defensivo, além de aquecer os músculos e regular a temperatura corporal. Quem controla o Wei Qi dentro da Medicina Chinesa é o Baço/Pâncreas, responsável pela retirada do Qi dos alimentos e cuja emoção correspondente é o pensamento constante, a preocupação. Por isso a preocupação excessiva e uma alimentação desregulada enfraquecem o Wei Qi, parte importante de nosso sistema imunológico.

Defesas Orgânicas

Você já deve ter ouvido falar um monte de coisas sobre o sistema imunológico orgânico. O que mais atrapalha a nossa defesa contra vírus é sua grande capacidade de mutação. O sistema imunológico trabalha como chaves em fechaduras: quando se combinam as "chaves" de nosso corpo com as "fechaduras" dos agressores, estes são vencidos. No caso dos vírus, suas "fechaduras" mudam constantemente, forçando nosso organismo a fabricar vários tipos de "chaves" para poder vencê-los. Isso causa um desgaste do organismo, que pode enfraquecê-lo ao ponto de impedir sua vitória final ou facilitar o alastramento de outros inimigos, que se aproveitam desse enfraquecimento. O resultado pode ser fatal.

Esse sistema de defesa orgânica está intimamente ligado ao nosso sistema energético, fazendo com que nossa capacidade de proteção esteja sujeita aos nossos estados emocionais. Tristeza, depressão, estresse, exaustão são estados que podem enfraquecer nosso sistema imunológico.

Essa relação entre as células e energia foi demonstrado experimentalmente ainda na década de 1920 por Georges Lakhovsky, um engenheiro russo radicado na França. Veja, estamos falando em estudos instrumentais, científicos, e não em "misticismo" como se coloca muito por aí. O trabalho extraordinário de Lakhovsky demonstrou que uma estimulação energética, no caso dele dentro de frequências eletromagnéticas, NAS CÉLULAS SAUDÁVEIS resolvia problemas de saúde, particularmente o câncer. Observe que, ao invés de atacar as células inimigas ele fortalecia as células sadias. O que ele "descobriu" é o que médicos chineses e indianos afirmam há milênios: devemos fortalecer o corpo e nos concentrarmos na saúde ao invés de nos concentrarmos em combater a doença.

Ao final dos experimentos de Lakhovsky com células vivas, pessoas e plantas, ele se aproximou da idéia de uma energia universal sutil ainda não detectada cientificamente mas de existência inquestionável. Conhecemos isso como Qi.

Mantendo a Saúde

Para se manter saudável a primeira providência é não se preocupar com doenças. Se você fizer sua parte não precisará pensar em perda de saúde. A preocupação com as doenças drenam seu sistema energético e abrem as portas do corpo para... doenças!

No caso da Gripe A, não existem grandes métodos de prevenção, sendo que o que os médicos mais recomendam é lavar bem as mãos ao chegar da rua. Ora, isso é higiene pessoal básica, não é? Pois é. Então não precisa se preocupar com muitos cuidados extra.

Procure firmar seu pensamento em saúde e acredite nisso. Faça todos os dias uma afirmação do tipo "Sou uma pessoa saudável e disposta. Minha energia é abundante e estou em sintonia com o Universo. Nada pode me afetar. Estou centrado(a) e emocionalmente equilibrado(a)". Repita isso algumas vezes, em várias ocasiões durante o dia.

Um tipo equivocado de mentalização seria "Sou forte e não vou ficar doente. Nenhuma doença pode me vencer". Nessa afirmação você usou "doente" e "doença" e é nessas palavras que nosso subconsciente vai se prender. Sempre que for montar alguma afirmação, use fatores positivos e nunca negações de problemas. Negar um problema sinaliza que ele existe!

Procure algum tipo de atividade que trabalhe corpo e energia, como Tai Chi Chuan, Qigong, Yoga. Isso amplia sua força orgânica em geral. Na verdade qualquer atividade física feita prazerosamente funciona muito bem. Tudo o que se torna uma obrigação deprime nosso sistema energético e emocional. Faça algo de que goste, seja Karatê, dança de salão ou ping-pong.

Muitos alimentos são excelentes para fortalecer o sistema imunológico e preservar nossa saúde. Fuja das neuroses alimentares modernas como a aversão a carne vermelha, gordura animal e a nefasta contagem de calorias. Procure se conhecer melhor e saber qual alimento faz bem e qual faz mal para você. Não é para o vizinho, o seu médico, o motorista do ônibus nem sua sogra. Para você.

Além de saber o que é bom para você, alguns alimentos possuem características melhores ou piores no que se refere ao sistema imunológico.

Evite todo tipo de aditivo alimentar como corantes e aromatizantes. Isso inclui a "saudável" margarina. Coma manteiga, que é natural e sem aditivos (não escute as bobagens que se falam sobre a nefasta "gordura animal"). Refrigerantes são pouco recomendáveis por serem em sua maioria artificiais e gasosos. Bebidas gasosas não devem ser consumidas durante as refeições. Pode utilizar sucos naturais, mesmo com açúcar, pois é mais saudável. Dentre os aditivos alimentares não recomendáveis se encontram as vitaminas sintéticas. Não se iluda com as "bolachas vitaminadas" e prefira verduras, legumes e frutas variadas. Estes, sim, são fontes saudáveis de vitaminas e sais minerais.

A vitamina A é importante e pode ser encontrada na cenoura, abóbora, fígado, brócolis, manteiga e na gordura de diversos peixes como salmão e sardinha. A vitamina C é antioxidante e aumenta a resistência às infecções. Não se limite aos cítricos como laranja, limão e acerola, mas procure caju, repolho, pimentão. Oligoelementos também são importantes, como o zinco e o selênio. Duas das melhores fontes de oligoelementos, que eu particularmente recomendo, são o fígado e a salsinha. Iogurtes e leites fermentados (pro-bióticos) ajudam a flora intestinal. O alho é fundamental por ser agente bactericida. É o melhor amigo do sistema imunológico e deve ser consumido de preferência cru. Se não conseguir, passe ele rapidamente em uma frigideira ou chapa sem óleo, para grelhar um pouco. Ele enfraquece seu aroma e fica menos ardido, mantendo seus benefícios. O gengibre também é excelente pois fortalece o sistema imunológico e é um tônico poderoso para o corpo todo, especialmente nas épocas mais frias como inverno e outono e que aumentam a nossa exposição aos vírus. Azeite de oliva é outro aliado de nosso organismo. Procure os azeites com acidez inferior a 1% e não se preocupe com as calorias. Pode consumir em saladas ou colocar um fiozinho dele sobre o prato feito. Ele melhora o sabor dos alimentos e é extremamente saudável.

As terapias alternativas como acupuntura, cristais, massagens, auriculoterapia, costumam ser preventivas e devem ser procuradas regularmente, mesmo que você não esteja sentindo nada. Quando notar um estresse aumentado, um cansaço físico persistente, procure um terapeuta. Não espere os danos aparecerem...

Tenha certeza de que, ao seguir as recomendações que demos neste artigo, você estará distante dos perigos da Gripe A e muitos outros problemas. Esqueça a doença e viva com saúde.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Nossa comunidade no ORKUT

Venha a nossa comunidade "Vida Oriental" no ORKUT para discutirmos cultura oriental.

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?rl=cpp&cmm=92364617

Visite e divulgue para seus amigos!

terça-feira, 21 de julho de 2009

O Universo Interior

O homem ocidental normalmente separa as coisas existentes à sua volta de si mesmo. Isso é marcante no cristianismo, onde Deus é colocado à parte de sua criação, de fora dela. Essa idéia é totalmente contrária às crenças orientais, que apostam na unicidade entre o Homem e o Universo. Então veremos a importância do Universo Interior.

Macrocosmo e Microcosmo
Existe uma idéia em voga mesmo no Ocidente de que o Macrocosmo se espelha no Microcosmo. Isso significa que tudo o que pode ser visto no universo possui uma representação também no mundo microscópico. Por exemplo, os planetas girando ao redor do sol que se parecem com elétrons ao redor do núcleo atômico. Outra idéia é a das marés oceânicas, causadas pela lua. Esse corpo celeste possui uma influência sobre as pessoas que está mais do que comprovada (afinal, nós somos 90% água).
A importância de se estudar os dois lados do telescópio, por assim dizer, é muito clara, pois um pode complementar e explicar o outro. No entanto, aqui no Ocidente, enquanto o ser humano procura descobrir qual a forma geométrica do universo, a estrutura de funcionamento de sua própria mente é um assunto que lhe escapa completamente. Enquanto o Homem não se dedicar a conhecer melhor a si mesmo, não poderá compreender a totalidade do universo físico.

Dentro e Fora
A idéia oriental é de que o homem e o Universo são uma só coisa. Veja da seguinte forma: quando se enche um balão destes de festas de aniversário, o ar que tem dentro dele é o mesmo que existe fora. Assim é o ser humano, cujo interior é exatamente igual ao exterior. A morte advêm quando o balão se rompe, misturando o que existe dentro com o que existe fora. Isso é o que a morte representa para as filosofias do Oriente.

Partindo-se deste princípio, de que o que existe dentro também existe fora, podemos investigar o Universo todo à partir da investigação de nosso próprio interior. Esse é o cerne da maioria das correntes filosóficas orientais, que se preocupa sobremaneira com a descoberta do funcionamento do próprio ser humano. Ferramentas para obter controle total sobre a mente e o corpo foram desenvolvidas a níveis inexistentes no Ocidente. Pode-se afirmar que todo o tempo em que o Ocidente se dedicou a pesquisar o mundo físico à sua volta o Oriente se dedicou a descobrir os recônditos da mente humana e sua natureza, extrapolando esse conhecimento para o mundo ao seu redor.

O Universo Interior
A mente e, por que não dizer, a alma humana, é extremamente profunda e complexa. O estudo mais acurado necessário à sua compreensão e domínio demanda muitos e muitos anos de dedicado esforço, mas o resultado é muito compensador como demonstram as proezas de Mestres como Morihei Ueshiba, Yang Luchan, Ku Yu Chang, Sokaku Takeda, Matsumura, Pham Xuan Tong, Miyagi e outros.

Ao se aprofundar em seu próprio interior o ser humano passa a olhar o exterior de outra forma, de maneira mais benevolente, pois passa a enxergar tudo como extensões dele próprio. O conhecimento de seu próprio interior transmuta-se automaticamente num conhecimento maior de tudo o que existe no Universo. Essa busca interior pode responder as questões milenares que o Homem se faz de modo mais fácil do que se buscasse essas respostas fora.

A pessoa que mergulha em si mesmo atinge um estado de “centralização” que o auxilia a enfrentar os problemas do dia a dia, evitando muitos transtornos e “tratamentos”. Para atingir essa centralização a cultura oriental criou diversas ferramentas: meditação pura, no Raja Yôga e no Zen; respiração e chi kung no Taoísmo; mandalas no Budismo Tibetano; mantras e orações no Shintoísmo; estudo dos Sutras no Budismo; práticas ascéticas no Budismo Esotérico, etc…

sábado, 18 de julho de 2009

E a China inventou o macarrão


Muito se falou sobre a invenção do macarrão. Tida como criação chinesa, levada à europa por Marco Polo, passou-se a dizer que era uma contribuição dos árabes a sua invenção e disseminação pelo mundo. Agora esta dúvida chegou ao fim.

Foi publicado na prestigiada revista científica "Nature" um achado arqueológico impres- sionante na região de Lajia, noroeste da China: restos de massa com cerca de 4.000 anos de idade! O macarrão estava em uma tigela de barro, de cabeça para baixo, provavelmnete abandonada em alguma emeergência local como enchente ou terremoto. Os fios têm 0,3 mm de espessura e 50 cm de comprimento.

Examinando a massa, Houyuan Lu e seus colegas do Instituto de Geologia e Geofísica da Academia Chinesa de Ciências descobriram que ela foi feita com milho-miúdo (uma das primeiras plantas domesticadas pelos chineses), e não com trigo.


sexta-feira, 17 de julho de 2009

Um filme imperdível

Assisti esta semana ao filme "Ip Man", sob recomendação de amigos praticantes de kung fu. E realmente fiquei surpreso! Em geral os filmes que falam sobre origens de estilos de kung fu ou de grandes mestres são cheios de invencionices e material de baixa qualidade. Destaco apenas os filmes sobre Wong Fei Hung estrelados por Jet Li ("Era uma Vez na China", I e II) que são muito interessantes.

Houve um filme que pretensamente contava a história do estilo Wing Chun, o estilo do Mestre Yip Man, mas era um amontoado de bobagens. O filme "Tai Chi", com Jet Li, procura contar uma versão da origem do Tai Chi Chuan. Embora a versão apresentada seja furada, a história é excelente, carregada de filosofia taoísta e ótimas cenas de luta, e conta com Jet Li, na minha opinião o grande astro dos filmes de artes marciais da atualidade. Apenas como nota, a mediocridade nacional em traduzir títulos de filmes trouxe "Tai Chi" como "Batalha de Honra"...

"Ip Man" foi uma agradável surpresa. Boa fidelidade histórica, fotografia e montagem excepcionais, ambientação extraordinária (se passa na China da década de 1930) e cenas de luta de tirar o fôlego. Além disso o filme passa o cavalheirismo e a verdadeira honra das artes marciais, ao invés da guerra boba de egos que muitos lutadores de ringue de nossos dias chamam de "honra". O filme é uma aula de comportamento e honra dentro das artes marciais tradicionais.

As cenas de luta foram coreografadas por ninguém menos que Sammo Hung, colega de Jackie Chan que muitos conhecem pelo seriado americano "Martial Law". Ele é o diretor de ação em artes marciais mais competente que existe em nossos dias. O estilo apresentado é realmente o Wing Chun.

Ip Man (Yip Man, na transliteração oficial) foi um dos maiores mestres de Kung Fu do século XX, responsável pela grande difusão do estilo Ving Tsun (Wing Chun) pelo mundo. Sediado em Hong Kong, é sempre lembrado como o mestre do jovem Bruce Lee.

Como sempre este filme maravilhoso deve demorar para chegar em DVD (se vier...). Mas você pode encontrá-lo facilmente no "submundo" da internet... ;-)


quarta-feira, 15 de julho de 2009

"Lost" e o I Ching


Ontem estava assistindo a um episódio da série "Lost" e notei algo interessante. Todos sabem que o símbolo da "Iniciativa Dharma", que manteve bases secretas na ilha, é um Pa Kua (Ba Gua). Mais precisamente o Hou Tian Ba Gua (Ba Gua do Céu Posterior). Um “ba gua” é uma representação dos oito trigramas do I Ching dentro de determinada ordem. Existem duas ordenações principais: o Hou Tian Ba Gua (Ba Gua do Céu Posterior) e o Xian Tian Ba Gua (Ba Gua do Céu Anterior).

Esta opção dos produtores foi extremamente acertada, pois esse Ba Gua representa o nosso universo atual, que se mantêm em um estado de perpétua mutação. Quando fazemos um estudo de uma planta de edificação dentro do Feng Shui, é este o Ba Gua que utilizamos pois lidamos com algo existente, físico.

No episódio que assisti aparecia um submarino, que pertencia à Iniciativa Dharma. E não é que o submarino tinha como emblema o trigrama Kan, Água? Mais uma vez o criador da série, J.J. Abrahms, fez a lição de casa. Além de representar muito bem o veículo, ele optou pelo trigrama correto. Muitas vezes podemos associar o elemento água com o trigrama Tui, Lago, mas eles possuem propriedades diferentes. Lago é água parada, acumulada, muitas vezes traduzida mais como “pântano” que como “lago”, propriamente dito. Porém Água é um trigrama que exprime um abismo, uma grande profundidade de água em movimento, bem mais característica de um submarino.

Mais um detalhe: “dharma” é um termo indiano que significa “lei” e é utilizado por várias filosofias, especialmente o Budismo, para designar o conjunto de ensinamentos a serem seguidos ou ao conjunto de leis universais a que estamos sujeitos. Essa influência indiana-budista aparece também no cumprimento deles: “namastê”.

Seriados também são cultura...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Lei da Atração e Karma

Esta semana estava ouvindo um programa de rádio que falava de temas espiritualistas. Não sei qual linha esse pessoal defendia, mas em determinado ponto a moça escarneceu do livro “O Segredo”, afirmando que ele havia sido escrito por pessoal bom de marketing e que não funcionava, não existia, e que se bastasse pensar para acontecer algo ela queria pensar que voava e sairia voando. Que isso não funcionava pois existem muitas limitações como o Karma, etc... Eu acho que a coisa não é bem por aí.

O que achei de mais interessante na Lei da Atração (“O Segredo” é o título do livro/filme) é que NÃO HÁ NOVIDADE NISSO. É uma velha verdade com nova roupagem. A Lei da Atração é ensinada no Oriente há milênios. Estudo ocultismo há mais de 30 anos e já vi esse conceito ser ensinado de dezenas de maneiras diferentes, embora o cerne dessa sabedoria seja sempre o mesmo: a atração de frequências similares. Resumidamente, se você pensa coisas boas, atrai coisas boas; se pensa coisas ruins, atrai coisas ruins. Simples assim.

O Budismo afirma que vivemos em um mundo ilusório, dominado por Maya (a grande ilusão). Essa ilusão é mantida por nossa mente, por isso a ênfase na contemplação e na meditação, que são formas de se transcender este estado ilusório e se conectar à realidade verdadeira. Este estado ilusório é mantido por um processo mental, portanto um processo mental pode alterá-lo. Esta é a idéia por trás da Lei da Atração.

Já “karma” é um conceito originário da Índia e que significa, literalmente, “ação”. Trata-se de uma reação natural a alguma coisa que você tenha feito. Não é um castigo divino nem uma provação qualquer, mas simplesmente uma reação. Costumo dizer em meus cursos que se você enfiar o dedo em uma tomada tomará um choque. Isso é um “castigo divino”? Não, é uma reação natural à sua atitude. Tudo o que fazemos, quer ajude alguém, quer prejudique alguém, gera uma reação igual e proporcional, como Newton já afirmava. Mas o Karma não está aí para que nos sujeitemos a ele, com algum tipo de fatalismo do tipo “não adianta, é meu Karma”. Alto lá, cara-pálida!

O Karma lhe traz determinadas condições, causados por uma reação a alguma atitude sua presente ou passada. Mas isso não é definitivo. Com perseverança e uma condição mental adequada você pode, sim, sobrepujar esta condição. É neste ponto que a Lei da Atração é importante, pois nos mostra que ao mudarmos nossa frequencia mental, nos colocamos em sintonia com outro tipo de situações. Isso pode nos ajudar a transcender um Karma negativo, por exemplo. O Karma é uma oportunidade de aprendizado e evolução e não uma condição conformista.

Ficar pensando que pode voar não vai fazer você bater asas por aí, mas foi o que impulsionou vários grandes homens como Santos Dumont...


"China" e "Acupuntura" em chinês


Dia desse me perguntaram sobre como seria escrito "acupuntura" em chinês. Isso aconteceu depois que eu expliquei como era "china", em chinês. Não sei se você conhece esta história, mas a palavra "China" vem da Dinastia Qin (Chin), que unificou a China em 221 a.C. e consolidou o império chinês. Nesta época havia intenso comércio pela Rota da Seda com nada mais nada menos que o Império Romano! Quando os ocidentais viam os mercadores de olhos puxados e costumes estranhos, perguntavam quem eles eram e a resposta era "somos os Chins" (denominação da dinastia da época). Isso pegou e foi latinizado pelos romanos como "sina". Até hoje usamos o prefixo "sino" para designar algo que vem da China, como "sino-brasileiro" (chinês-brasileiro).

"China", em chinês é Zhong Guo (pronuncia-se "djonguô"), que pode ser traduzido como "Império do Meio". Isso não significa que ele fica "no meio do mundo" e é o principal do mundo, como muitos dizem. Significa que ele se localiza entre o Céu e a Terra, no meio...


"Acupuntura" em chinês é Zhen Jiu (pronuncia-se "Djindjiu"), que é formado por dois ideogramas: um que simboliza um objeto de metal (agulha) e outro que simboliza algo quente (moxa). Assim, o que se denomina no Ocidente como "acupuntura", em chinês significa "agulha-moxa". Para os que não conhecem, moxabustão é a queima de alguma erva, normalmente artemísia, em um ponto de modo a gerar calor e ativar a circulação de Qi e Sangue no local. Por isso a federação mundial de acupuntura se chama World Federation of ACUPUNTURE-MOXIBUSTION Societies.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Aikidô e Hapkidô

É notória a semelhança entre diversas técnicas do Hapkidô e do Aikidô, apesar de serem estilos provenientes de duas nações diferentes: a Coréia e o Japão. Tal semelhança se deve a um Mestre ancestral em comum nas duas linhagens: Sokaku Takeda, do Daito-Ryu Aikijutsu. Tanto Yong Sool Choi quanto Morihei Ueshiba estudaram a fundo a ciência e a arte do Daito-Ryu com Mestre Takeda. Vamos ver em que circunstâncias se deu esse cruzamento de linhagens.

O Daito-Ryu e Mestre Takeda
A arte do Daito Ryu Aikijutsu é uma espécie de combate a mãos livres e com espada que foi criado por um príncipe chamado Teijun, o sexto filho do Imperador Seiwa (850-880dC). Yoshimitsu Minamoto (1056-1127 dC) é considerado como o moderno fundador do Daito Ryu. Diz-se que ele dissecava e estudava corpos retirados do campo de batalha ou de criminosos executados. Com isso as técnicas do Daito Ryu tiveram um notável incremento em sua eficiência, baseando-se na estrutura anatômica humana. Sua residência denominava-se "Mansão Daito", daí o nome do estilo.

Um dos maiores expoentes do Daito-Ryu foi o Mestre Tanomo Saigo, sacerdote do clã Aizu e que incorporou ao estilo os métodos de controle respiratório conhecidos como Aiki-Inyo. Seu filho, Shiro Saigo, abandonou a família e sua arte marcial para se juntar ao Mestre Jigoro Kano, fundador do Judô, ocasionando uma lacuna na genealogia. A solução empregada pelo Mestre Saigo foi nomear seu filho adotivo, Sokaku Takeda, o novo patriarca do Daito Ryu.

Sokaku Takeda nasceu em 1860 em Aizu, Japão, descendente de uma família de Samurais. Homem de pequena estatura e que sempre usava o Hakamá, Mestre Takeda era muito conhecido e temido em sua região. Participou de dezenas de combates mortais contra criminosos e mestres de outras artes marciais que o desafiavam. Antes considerada uma arte secreta, Mestre Takeda abriu as portas do ensino para todos, difundindo o Daito-Ryu por todo o Japão através de seminários em diversas localidades. Apesar de sua dedicação ao ensino, ele nunca montou um dojô oficial, preferindo a carreira de Mestre itinerante.

Daito-Ryu e Aikidô
Numa dessas peregrinações Mestre Takeda conheceu um jovem que se tornaria o seu mais conhecido aluno: Morihei Ueshiba, criador do Aikidô. Ueshiba seguiu Mestre Takeda por diversas localidades, participando de quantos seminários pudesse e convidando seu Mestre para temporadas em sua casa. Ele chegou a construir uma casa para Mestre Takeda perto da sua, para que pudesse se dedicar mais aos treinos. Tendo treinado por muitos anos sob sua supervisão, atingiu o grau de Instrutor Assistente na arte do Daito-Ryu. A influência desse estilo se fez sentir fortemente no Aikidô, como as técnicas Shiho-Nague e Kote-Gaeshi, que são do Daito-Ryu, além das próprias técnicas de Aiki.

Daito-Ryu e Hapkidô
Como fundador do Hapkidô, a história do Mestre Yong Sool Choi é de extremo interesse. Órfão na Coréia, Mestre Choi foi levado ao Japão por um casal de japoneses que moravam perto de sua casa. De gênio rebelde, foi abandonado por seus pais adotivos e acabou levado a um templo budista pela polícia. Ele permaneceu no templo por aproximadamente dois anos sob os cuidados do monge Wadanabi Kintaro, que levou o jovem Choi a conhecer o Grande Mestre Takeda, amigo pessoal do monge. Afirma-se que ele foi adotado pelo Mestre Takeda com o nome de Asao Yoshida. O jovem rebelde se tornou um aluno assíduo quando começou a treinar Daito-Ryu Aiki-Jutsu (pronunciado Dae-Dong-Ryu Hap-Ki-Sool, em coreano).

Embora não existam documentos comprobatórios, muitos pesquisadores afirmam que Mestre Choi ficou sob a tutela de Mestre Takeda por aproximadamente 30 anos, tendo participado das inúmeras viagens e seminários daquele Mestre. Com a morte de seu Mestre em 1943 e a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, em 1945, a situação tornou-se insustentável naquele país e Yoshida resolveu retornar à Coréia, voltando a ser Yong Sool Choi. Em 1947 começou a ensinar artes marciais a um jovem gerente de uma adega e foi instituído o primeiro dojô de Hapkidô, então conhecido como Yu Kwan Sool Hapki Dojang. Embora no começo Mestre Choi ensinasse apenas as técnicas do Daito-Ryu, com o passar do tempo acrescentou técnicas puramente coreanas como o Kwan Jul Ki Bub (torções em articulações, arremessos e agarres), Dang Shin Ki Bub (golpes de impacto, socos e chutes) e Moo Ki Sool (espada curta, espada longa, bastão curto e longo, lança, corda, arremesso de pedras e arremesso de facas). Manteve, porém, o espírito do Aiki aprendido no Japão.

Credita-se ao Mestre Ji Han Jae, aluno de Mestre Choi, a inclusão de diversos chutes de artes marciais coreanas ao Hapkidô, que era carente dessas técnicas, formando assim o Hapkidô moderno que conhecemos hoje.

Aikidô e Hapkidô
As semelhanças entre o Aikidô e o Hapkidô não são muito aparentes para um leigo, mas saltam aos olhos a um praticante mais experiente. Apesar do Aikidô colocar ênfase nas torções enquanto o Hapkidô utiliza muitos chutes, ambos partem de conceitos idênticos: esquivas circulares (não enfrentando a linha de ação do oponente), utilização do Ki em detrimento da força física e busca do domínio e controle do oponente. A movimentação básica dos pés tanto nas esquivas quanto nas posições de guarda são extremamente semelhantes, como muitas das torções utilizadas, que são comuns a ambos (como o Kote-Gaeshi). O princípio filosófico do Hapkidô demonstra clara empatia com o conceito de Aiki, ou seja, o de dominar o Ki de seu oponente para poder controlá-lo, entrando em sua esfera de influência.

Hapki, em coreano, é o mesmo que Aiki em japonês, sendo que Hapkidô era grafado com os mesmos ideogramas que o Aikidô. Por causa da confusão encontrada nessa grafia conjunta, os líderes do Hapkidô alteraram a grafia do nome para fonemas coreanos de modo a mostrar ser esta uma arte coreana, diferente do Aikidô, embora com ancestrais em comum. Tal resolução, pedida também pelos Mestres de Aikidô, só foi levada a efeito na década de 90.


Jiaozi ou Guiozá


O Jiaozi é formado por uma massa dobrada recheada com carne ou vegetais e que pode ser cozida na água ou no vapor ou frita em óleo. Servida sozinha ou em sopas e caldos, constitui um dos pratos mais apreciados da cozinha chinesa. Seus recheios podem incluir carne de porco ou boi, cogumelos secos, peixe, camarões e vegetais diversos com molhos especiais. Como são cozidos fechados, o aroma e sabor do recheio permanecem após o cozimento, garantindo a excelência do paladar.

Muito consumida no Norte da China e indispensável em festividades e principalmente nas comemorações de Ano Novo, seu formato lembra o de antigos lingotes chineses de ouro, por isso seu consumo é relacionado com a aquisição de prosperidade e riqueza.

Conhecido no Japão como “Gyozá”, pronúncia derivada do dialeto de Shandong (giaozi), o Jiaozi já era consumido na China durante a Dinastia Tang (618-907). A versão japonesa, Guiozá, é na maioria das vezes apresentada com uma massa muito fina, quase transparente.

domingo, 12 de julho de 2009

Sabedoria do cotidiano

Gostaria de abrir este blog com uma história taoísta que é minha preferida. Simples e direta, mostra como atividades do cotidiano podem estar imersas na sabedoria.

O mestre cozinheiro do Príncipe Wen-hui esquartejava um boi. Os golpes do braço, o impulso dos ombros, o movimento de pés, o endireitar dos joelhos e o movimento da faca a zunir compunham-se como se estivesse na Dança do Bosque das Amoras ou a tocar a música de Ching-shou.

"Ei! Formidável! Como alcançaste tanta perfeição na tua arte?" - perguntou o Príncipe.

O cozinheiro pousou a sua faca e disse: "Aquilo de que cuido nisto é mais elevado que a arte, é o Tao. Ao princípio, quando comecei a cortar bois, o que eu via era mesmo o boi. Passados três anos já não via o boi todo e agora trabalho mais com o espírito do que com os olhos. Os sentidos e o discorrer suspendem-se para o espírito trabalhar à vontade. Sigo a estrutura natural do boi. Puxo para o lado os grandes tendões e continuo ao longo das grandes aberturas, de acordo com o corpo do animal. Assim nunca corto ligações nem tendões e muito menos os ossos principais. Um bom cozinheiro adquire uma faca nova todos os anos. E isto porque a utiliza para cortar. Um cozinheiro fraco adquire uma faca nova todos os meses. E isto porque trucida. Mas esta faca do vosso humilde servo está em uso há dezenove anos. Talhou alguns milhares de bois, mas tem um fio tão suave como se acabasse de sair da pedra de amolar. O fio da faca não tem qualquer espessura e há espaço nas articulações. Como opero nos ocos tenho espaço à vontade para trabalhar. É por isto que apesar de estar em uso há dezenove anos a faca parece acabada de sair da pedra de amolar. Mas se aparece uma área mais intrincada, avalio as dificuldades, olho com atenção, suspendo a respiração e trabalho com cuidado, muito devagar. A faca vai-se movendo sutilmente até que, de repente, a peça se desarticula como um bocado de terra a espalhar-se pelo chão. Ainda a segurar a faca, endireito-me satisfeito e, sem vontade de me mexer, olho em redor para me distrair. Depois limpo e arrumo o instrumento."

"Ótimo!" - exclamou o Senhor Wen-hui - "Ouço as palavras do mestre cozinheiro e acabo por aprender como cuidar da vida."