sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Acupuntura Auricular


É uma modalidade de terapia oriental que visa tratar os distúrbios e desequilíbrios de Chi (Ki), ou energia vital, em nosso corpo através da ativação de determinados pontos e áreas na região das orelhas. Estes desequilíbrios causam problemas físicos e emocionais, levando as pessoas a desenvolverem doenças.

Através de agulhas colocadas na orelha, atingem-se pontos reflexos de cada órgão e função, restabelecendo o equilíbrio energético, da mesma forma que a Acupuntura Sistêmica, de origem chinesa.

Esta terapia pode ser feita também com esferas ou sementes, quando é conhecida por Auriculoterapia ou Terapia Auricular.

Esta terapia foi reconhecida como válida pela OMS - Organização Mundial da Saúde em 1989

É eficaz no combate ao alcoolismo, tabagismo, rinites, asma e outros distúrbios respiratórios, torções e contrações musculares, problemas digestivos, circulatórios, urinários e para moderação do apetite e emagrecimento, entre muitos outros. O alívio que se consegue com esta terapia é muitas vezes imediato.

Utilizado pelos gregos e egípcios, a terapia auricular teve grande impulso com as pesquisas do médico francês Dr. Paul Nogier, que publicou um trabalho a respeito em 1957. Hoje as duas escolas principais desta técnica são a do Dr. Nogier, que busca reflexos nervosos, e a Chinesa, que utiliza os princípios da Medicina Chinesa.

Na terapia auricular, cada área da orelha corresponde a um determinado órgão ou função, de forma reflexa, de modo que um estímulo nesta região promova um estímulo no órgão correspondente e a conseqüente resposta energética. Com isso pode-se efetuar diagnósticos energéticos com grande precisão e fazer tratamentos completos.

A terapia auricular pode ser utilizada juntamente com o tratamento médico convencional, bem como fisioterapia. Ele não apenas não interfere, como na maioria das vezes auxilia estes tratamentos. E não possui efeitos colaterais.
 

domingo, 6 de setembro de 2009

Chuang-Tsé – O Irreverente


O Taoísmo é uma das filosofias que mais marcaram o pensamento chinês em todos os tempos. Mas quando se fala sobre essa filosofia, normalmente pensamos em Lao-Tsé e sua obra, o Tao Te Ching, ou então no I Ching, a obra clássica do taoísmo. Poucos se lembram desta figura irreverente e extrovertida, que com seu humor levou a filosofia do Tao à imperadores e intelectuais: Chuang-Tsé.

O Homem e a Obra
Pouco se sabe sobre a vida deste grande sábio. As únicas referências históricas são as notas do grande historiador chinês Ssu-ma Ch’ien (séc.I a.C.) em sua obra Shih Chi (Registros do Historiador). Segundo nos chega do distante passado chinês, Chuang-Tsé nasceu com o nome de Chuang Chou, em Meng, e viveu por volta do século IV a.C.tendo sido funcionário público por algum tempo.

Os escritos atribuídos a ele somam 33 capítulos, dos quais apenas os 7 primeiros podem ser endossados com relativa segurança, segundo consenso geral entre os estudiosos. Os demais parecem ter sido acrescentados ao corpo da obra principal séculos depois, embora possuam em muitas passagens os mesmos traços característicos do grande sábio.

Sua escrita se revela em traços cômicos e críticas irônicas, às vezes cruéis, de seus opositores, particularmente os confucionistas. Apegados aos rituais e às regras de moral de Confúcio, eles batiam de frente com a liberdade e a não-ação (Wu Wei) pregadas pelo taoísmo defendido por Chuang-Tsé. Suas histórias, às vezes verdadeiras piadas, são parte muito querida e apreciada da literatura chinesa, principalmente por intelectuais, visto que muitas vezes sua obra se reveste de uma sutileza ímpar.
Mas vamos dar a palavra ao sábio chinês e deixar que você mesmo julgue.

A Cauda da Tartaruga
Chuang-Tsé estava pescando certa tarde em um lago. Eis que chegam dois altos dignatários do Imperador e se dirigem a ele, cheios de formalidade:
- Grandíssimo senhor, sois Mestre Chuang?
Chuang-Tsé olhou desconfiado para eles e respondeu simplesmente:
- Sou Chuang.
- Ah, finalmente o encontramos. O Imperador solicita ao senhor que aceite ser seu Ministro de Estado, com todas as honras e privilégios do cargo, devido à sua grande sabedoria.
Chiang-Tsé pensou um momento e respondeu:
- Num santuário imperial existe a carapaça de uma tartaruga sagrada que viveu mil anos. Ela está no altar principal e é reverenciada e admirada por todos. Mas diga-me: essa tartaruga preferia ter sua carapaça honrada e admirada ou preferia arrastar sua cauda na lama?
- Ora, ela com certeza iria preferir arrastar sua cauda na lama!
- Muito bem, ide então. Vou continuar arrastando minha cauda na lama – disse ele, voltando à sua pescaria.

O Sonho
Chuang-Tsé estava muito preocupado, sentado em uma pedra. Um amigo seu perguntou qual o problema.
- Esta noite sonhei que era uma borboleta. Batia minhas asas e voava de flor em flor, feliz e contente. Era uma sensação muito vívida e a liberdade, maravilhosa. Repentinamente acordei de meu sonho e voltei a ser Chuang.
- Ora, e o que tem isso de extraordinário? Todos, às vezes, sonhamos dessa forma.
- Sim, mas quem sou eu? Serei Chuang que sonhou ser uma borboleta ou serei uma borboleta que está sonhando ser Chuang neste momento?

A Resposta de Lao-Tsé
Um homem chamado Nanjung Chu procurou Lao-Tsé na esperança de encontrar respostas às suas preocupações. Ao se aproximar, Lao-Tsé falou:
- Por que me procurou com toda essa multidão de gente?
Ele se virou para trás para ver que multidão havia mas nada viu.

[Essa história é muito interessante por ser a ancestral do conto Zen da xícara vazia, que todo mundo conhece. A multidão a que se refere Lao-Tsé é o conjunto de conceitos, velhas idéias, certo e errado, vida e morte, preconceitos e outros que carregamos aonde vamos. Ao buscar novas idéias, devemos nos afastar desta “multidão” que nos segue aonde quer que vamos.]

O Vinho e o Tao
Lao-Tsé estava sentado em uma taberna, saboreando seu vinho quando passou Confúcio e o viu pela janela. Entrando cautelosamente, procurou o sábio e o repreendeu:
- Você prega a sabedoria do Tao e está aqui tomando o vinho da embriaguez? Não tem vergonha? O que dirão as pessoas ao verem você aqui?
Lao-Tsé olhou para ele e encheu o copo.
- Onde mora o Tao?
Confúcio nem piscou.
- Ora, o Tao está em todo lugar.
- Então o Tao está nesta mesa, neste banco, neste copo e neste vinho, não? Então não existe problema nenhum: estou me embriagando de Tao.
Confúcio não respondeu e saiu. Chegando junto a seus discípulos, estes lhe perguntaram por que estava tão transtornado e ele lhes respondeu:
- Hoje vi um dragão.

[Quer dizer, uma pessoa de grande sabedoria. Esta história ilustra a maneira como Chuang-Tsé falava dos confucionistas e como a liberdade taoísta se chocava com as regras morais do confucionismo]